quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Só em uma das cidades da tragédia do Rio, 3 mil crianças estão sem lar

Teresópolis tem 2.982 crianças e adolescentes tirados de suas casas pelas chuvas. Segundo garantiu o juiz da 2.ª Vara de Família, José Ricardo Ferreira de Aguiar, à ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, que visitou as crianças nesta quarta-feira, todas estão com algum parente. A maioria foi para a casa de amigos ou para abrigos e está com pelo menos um dos pais. Não há dados finais das outras cidades atingidas pelas chuvas.

Entre os que perderam os pais, sobrou ao menos um familiar, que agora faz o papel de guardião. O juiz chamou de 'levianas' as denúncias anônimas de maus-tratos a menores. A ministra ressaltou que é preciso encarar os abrigos como um espaço transitório, e que as crianças têm de ir à escola quando o ano letivo começar. Ela não soube dizer se há crianças longe dos pais.
Em Teresópolis, a ministra anunciou a criação do Comitê Emergencial para Proteção das Crianças e Adolescentes. Maria do Rosário pretendia ir a Nova Friburgo e Petrópolis, mas o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves, que a acompanhava, foi para o Rio com o helicóptero e a deixou a pé. Mesmo recorrendo a uma aeronave do Exército que socorre as vítimas das chuvas em áreas isoladas, só conseguiu ir a Friburgo, onde visitou um abrigo.
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Para a ministra, não é o caso de pensar em uma política de adoção, pois as crianças devem ser cuidadas pelas próprias famílias. Futuramente, de acordo com o caso, segundo ela, pode-se recorrer ao Programa Família Acolhedora, que já está em funcionamento no Estado.
A Justiça de Teresópolis, por meio da juíza da Infância e Adolescência, Inês Joaquina Coutinho, cadastrou todas elas e pretende adicionar ao cadastro fotos dos parentes com quem estão. Esses parentes, mesmo no caso de pais e mães, receberão do juízo um termo de entrega do menor que oficializa a responsabilidade, pois a maioria perdeu seus documentos.
Desabrigados. A ministra visitou em Teresópolis os 230 desabrigados alojados no galpão cedido pela empresa bebidas Comary, no bairro do Meudon.
Conversou com Juliana, de 12 anos, que está com pai, mãe e irmão e naquela hora desenhava uma casa em uma folha de papel. Esteve também com Priscila, de 11 anos, que brincava ao lado da mãe.
Outra com quem a ministra falou foi Ingrid de Jesus Pereira, que amamentava seu filho Michael, de 11 meses, e está no abrigo com o marido, Jorge Antônio, de 42 anos, e a outra filha, de 14. O marido é jardineiro de carteira assinada, mas provavelmente perderá o emprego, pois a chuva destruiu tudo. 'Agora esperamos um lugar para a gente sair daqui', resumiu a moça.
A ministra encontrou também quatro professoras municipais do Rio ajudando a ocupar o tempo das crianças. 'Tentamos amenizar um pouco a situação de ociosidade delas em um espaço que não é o seu hábitat', resumiu Marcella Wanderley, voluntária.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Em meio ao resgate de vítimas, Nova Friburgo tenta retirar moradores de áreas de risco

Nova Friburgo (RJ) - Enquanto bombeiros e militares unem esforços para resgatar corpos e ajudar sobreviventes das chuvas da semana passada, em Nova Friburgo, a Defesa Civil Municipal busca interditar casas e retirar moradores de imóveis que não foram afetados pelo temporal, mas que estão localizados em áreas de risco. Segundo o coordenador da Defesa Civil, coronel Roberto Robadey, o trabalho está sendo feito em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ).

Robadey explica que a identificação dos imóveis em áreas de risco está ocorrendo de duas formas: por meio dos moradores, que buscam ajuda da Defesa Civil, e por levantamentos geológicos e vistorias que estão sendo feitas por técnicos nos locais afetados.
'O trabalho está se encaminhando bem. As pessoas estão saindo [de suas casas] por bem. Não estamos tendo nenhum problema. Quem não tem onde ficar está ficando num abrigo. Quem pode, vai para a casa de vizinho ou parente. E muitas das casas que estão em área de risco já estão vazias', disse o coordenador da Defesa Civil Municipal.
Ontem (18), a prefeitura de Nova Friburgo divulgou que pelo menos 250 casas teriam que ser interditadas. Mas, segundo o coordenador da Defesa Civil, esse número pode ser maior. 'Tem lugar em que não conseguimos ainda fazer vistoria. Estou com uma pilha de fichas [de requisição de interdição], sem contar com os dados que o serviço geológico me traz todo dia, sobre 20 bairros, para ver 50 casas em cada local, às vezes', disse Robadey.
De acordo com Robadey, além de retirar moradores de áreas de risco, a preocupação é evitar que as pessoas que saíram dessas casas durante o temporal voltem para os imóveis. 'Isso [pessoas voltarem para a área de risco] sempre acontece. Em um desastre desse tamanho, isso vai acontecer. Nós vamos tentar coibir', afirmou.